Ecossistema de impacto apresenta oportunidades além da aceleração
Já discutimos por aqui o cenário dos negócios de impacto no Brasil, a formação do ecossistema de impactoe a definição de “negócios de impacto” e suas perspectivas para o futuro. Hoje, encerramos o assunto lançando um olhar para o papel das estruturas que ajudam no crescimento acelerado das startups neste sistema.
Agentes já bastante conhecidos, as aceleradoras são organizações que visam fomentar a gestação dos empreendimentos em um curto espaço de tempo (em média 3 a 6 meses) por meio de mentorias e capacitações que educam e conectam durante programas intensivos. Seu objetivo é oferecer subsídios teóricos para que as iniciativas amadureçam suas ideias e ganhem força para crescer no mercado e receber investimentos.
Com um número de iniciativas que acompanha o crescimento exponencial de negócios de impacto socioambiental no Brasil, as organizações intermediárias passaram a ser parte integral e relevante do ecossistema de impacto no país.
A contribuição de acelerações para a articulação em redes é reforçada pelo estudo inédito Avaliação da Efetividade de Aceleradoras de Impacto realizado pela Move, que observou que cerca de um terço das organizações estudadas participou de mais de um processo de aceleração, indicando a constante busca por aprimoramento institucional.
O projeto contemplou a participação de 11 organizações intermediárias (aceleradoras) e 73 negócios de impacto e organizações da sociedade civil (OSCs) que foram “aceleradas” pelas parceiras.
Será o suficiente?
Admitindo que as aceleradoras têm feito seu papel de uma forma positiva, Adriano Nunes, executivo pioneiro em iniciativas colaborativas de impacto social no Brasil e gestor do HousingPact, questiona se esse tipo de apoio seria suficiente para apoiar as startups de impacto.
“A aceleradora prepara a startup para o crescimento no nível teórico, mas não ajuda, de fato, a aterrizar no mercado e o fato é que quando ela vai para o mercado, percebe que precisa se preocupar com elementos práticos e mais complexos”, observa. “No âmbito das startups de impacto, essa dificuldade pode se consolidar, por exemplo, na escolha do território. Afinal, arrumar um espaço para atuar na favela, por exemplo, é uma tarefa bastante difícil quando não se tem contatos e não se conhece a dinâmica daquela comunidade. Para isso é preciso conhecer os principais articuladores”, pontua.
Com o propósito de construir e fortalecer as alianças entre empreendedores e a indústria da habitação para tornar as moradias de pequenos bairros e comunidades mais adequadas à sua realidade, a proposta do HousingPact é dar condições para os empreendedores desenvolverem suas ideias, aplicá-las e construir um case real da solução.
“Não somos uma aceleradora, embora coordenar projetos de aceleração esteja no nosso escopo, se necessário. Também não somos um simples hub, que conecta soluções e empresas. O principal diferencial da nossa rede colaborativa é que colocamos a startup num projeto piloto, resolvemos o problema de relacionamento, espaço físico e recurso financeiro para dar o start no mundo real”, conclui o executivo, instigando os empreendedores a conhecerem as inúmeras possibilidades que o ecossistema traz.