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O mundo dos negócios tem apresentado mudanças significativas nos últimos anos, especialmente no que diz respeito ao seu propósito. Enquanto muitas empresas se esforçam de maneira estratégica para melhorar seus índices ESG (Environmental, Social e Governance), outras nascem tendo no core o propósito de gerar impacto positivo na sociedade e para o planeta. São os chamados “negócios de impacto”.

Nesse modelo, cada vez mais torna-se necessário validar as ações para provar seu valor de investimento. No Reino Unido, por exemplo, a importância do impacto está sendo reconhecida pelo governo em suas políticas. O movimento ainda é tímido no Brasil, mas cada vez mais a medição de impacto se mostra a melhor alternativa para que os gerentes tomem decisões. Afinal, a possibilidade de realizar comparações entre organizações e iniciativas de segmentos distintos é fundamental nesse processo.

No entanto, mais do que retorno financeiro, o desempenho dos investimentos sociais depende da criação de ganhos de bem-estar dos beneficiários do projeto. Nesse contexto, as empresas que trabalham com foco no social têm se interessado cada vez mais em investir em metodologias de medição de impacto.

Outra justificativa para investir na medição de impacto é que ela possibilita a prestação de contas à sociedade e aos investidores.

Por fim, para além desses fatores, a medição do impacto nesses negócios tem um propósito maior: entender quais foram as mudanças promovidas pelo projeto e quão positivas elas foram ou ainda podem ser na sociedade.

Metodologia

Para que uma empresa possa eleger uma metodologia para a medição do impacto que causa na sociedade, é preciso que avalie suas necessidades. É preciso comparar o impacto social de diferentes investimentos? E os benefícios de cada unidade monetária gasta por projeto? Responder a essas perguntas contribui para uma alocação de recursos mais transparente e eficiente.

Existem algumas possibilidades de medição de impacto praticadas no mundo no momento,

como: Análise de Custo-Efetividade (do inglês, Cost-Effectiveness Analysis – CEA), Análise de Custo-Benefício (Cost-Benefit Analysis – CB), Retorno Social sobre o Investimento (Social Return on Investment – SROI) e Abordagem de Ponderação de Impacto (Impact-Weighted Accounts – IWA). Cada método tem características específicas e se encaixam em ações específicas.

No HousingPact, o SROI foi a metodologia eleita para avançar na medição e monitoramento do impacto dos pilotos implantados através do programa. “Escolhemos essa metodologia porque é baseada na fala e na experiência que o stakeholder teve com o piloto. Como somos uma equipe enxuta de gestores, avaliamos que a abordagem de falar com os stakeholders seria mais eficiente”, justifica Mariana Roquette, gestora do programa.

Segundo ela, um dos pontos fortes na decisão foi o fato de ser uma metodologia baseada na monetização de benefícios sociais.

A monetização de custos e benefícios de projetos de impacto pode ajudar na decisão sobre qual iniciativa escolher. “Como os recursos financeiros são escassos, a monetização pode possibilitar a comparação e facilitar a alocação de recursos. A análise econômica também é importante para situações em que, apesar dos impactos positivos, os custos são tão altos que o programa não gera ganhos líquidos”, pontua o Guia de Monetização 2021, produzido pelo Insper Metrics com o apoio financeiro da GK Ventures.

O documento avalia as principais técnicas disponíveis para monetizar o impacto dos investimentos sociais citadas acima, contrastando pontos fracos e fortes e delineando potenciais pontos de atenção quando aplicados a projetos reais.

Segundo o relatório, avaliar e usar os resultados dessas abordagens requer certo grau de cautela, algo que a equipe da HousingPact já tem em sua mente de forma clara. “São utilizadas várias técnicas de referência que transformam o impacto em moeda, de forma que fica mais fácil comparar o investimento feito e o retorno. Não é uma metodologia que encoraja que se compare projetos dessa forma em setores diferentes, mas para avaliar o próprio projeto ela é bem interessante”, observa Roquette.

Os princípios do SROI garantem que os gestores se envolvam de forma significativa com os stakeholders para que eles se sintam empoderados e suas vozes sejam ouvidas. Ao obter insights dos dados, é possível tomar decisões mais embasadas e assertivas, gerando mais retorno sobre o investimento.

Capacitação

Seja qual for a escolha da metodologia, o treinamento e qualificação da equipe é uma fase crucial na sua implantação. Envolver o maior número possível de funcionários é importante, mas inserir o conceito na governança da empresa pode ser o ponto chave dessa evolução.

A equipe da Neoalfa, consultoria que faz a gestão geral do HousingPact, se submeteu à capacitação da Social Value Internacional no início do ano.

Os primeiros projetos avaliados serão os pilotos focados – de rápida implementação – executados entre o final de 2021 e início de 2022. “Em agosto teremos o relatório, tanto para nortear melhorias internas, para novos pilotos, quanto para divulgar para as realizadoras e público externo”, prevê a gestora.